El vino da brillantez a las campiñas, exalta los corazones, enciende las pupilas y enseña a los pies la danza. José Ortega y Gasset (1883-1955).

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Cordeiro do M'Bororé

Domingo passado estive almoçando na casa de uma das irmãs Siliprandi. A mãe, Dona Thereza, também esteve presente e nos brindou com sua imensa alegria. Quando cheguei, um suave aroma vinha da cozinha, onde Maria preparava um assado no forno. Emma chegou logo em seguida Era um corte especial, o quarto de um cordeiro nascido e criado nos verdes campos do M'Bororé, em nosso longínquo Itaqui. Cresceu solto no pasto,sob o sol abrasador da fronteira, nas cercanias do Rio Uruguai. Nem bem desmamado foi abatido e, quando chegou a Porto Alegre, já veio descontado de uma paleta, certamente devorada por um zorro, na véspera da viagem.

Permaneceu marinando em ervas durante a noite, assou lentamente em fogo brando ficou tão tenro, que desmanchava na boca. A carne descolava do osso, rosada era mesmo muito macia, peça perfeita para o almoço de quatro pessoas. Foi servido acompanhado de salada de batatas , salada verde, com folhas coloridas e cogumelos frescos trazidos da Pertil. O vinho era um Chianti DOCG , safra 2006 da Casa Vinícola Caldirola. Corte clássico de Sangiovese, Canaiolo Nero, Trebbiano Toscano e Mavalsia, esteve a altura, foi um grande coadjuvante daquele assado dos deuses. Corpo médio equilibrado e de muita elegância, na boca fruta madura, ameixa seca nítida, porem suave e agradável, realçava todo sabor daquele rico cordeirinho.

Após o almoço provamos um delicioso licor de nêspera, produzido artesanalmente, curtido numa purinha de Santo Antônio, depois retomamos uma antiga conversa sobre os butiás do Rio Grande. São muitos e se espalham por todo estado: Arambaré, Mostardas, Palmares, Santa Vitória do Palmar....

3 comentários:

Anônimo disse...

O Rio Gde do Sul é impar.Precisava de ter um blog pra isso....

Anônimo disse...

Esta descrição me deu "agua na boca", consegui até sentir o aroma vindo da cozinha , a carne desmanchando e os aromas do vinho. Que banquete!!!!!

Anônimo disse...

Pra quem não é do sul ou não sabe o que é o M´Bororé, ou (pra nós) Bororé, é assim- tinha uma lenda, do M´Bororé, que eu não sei mesmo que lenda é. Sei que tem. Deve ter escrita pela internet.

Mas a gente se criou indo de férias em Bororé, povoado onde a tia Luiza morava, no meio do campo do município de Itaqui, terra da minha mãe (e de outros).

E lá não tinha luz elétrica, nem água encanada, só lampião(aladim era o nome), água do moinho de vento (só que não tinha vento, então o tio Zelmar tinha que subir na torre e girar as pás com a mão pra bombear a água), um calor dos infernos, pirilampos à noite, bostofem queimado pra espantar os mosquitos (bosta de vaca seca, queimada ali no terreno, onde eles charlavam mentiras e os homens fumavam palheiro), mosquitos (todos), a subida no moinho pra olhar o trem chegando e saindo, e ovelhas. Na verdade, em resumo, Bororé=carne de ovelha...

Ah, tinha também a São Silvestre, ouvida na noite do Ano Novo num rádio que era ligado a uns fios que iam lá pro teto da casa, numa antena muito da sem-vegonha, e outros fios ligados a uma bateria de automóvel. Depois disso tinha sidra e umas sobremesas maravilhosas, Rei Alberto ou montanha-russa. E tinha as flores de cera na varanda.

Bororé=carne de ovelha+flor-de-cera.
Mas o assado de ovelha era imbatível!