El vino da brillantez a las campiñas, exalta los corazones, enciende las pupilas y enseña a los pies la danza. José Ortega y Gasset (1883-1955).

sábado, 10 de dezembro de 2011

VInho e Farofa

Esquecida, desprezada e ignorada, eis uma combinação que não consta em lugar algum na produção literária sobre vinhos. Consultei minhas fontes, andei pesquisando livros, revistas especializadas, manuais, guias de harmonização e nada encontrei, nenhuma linha sequer. Robert Parker não escreveu nenhum comentário e Jancis Robinson muito menos, esquivam-se silenciosamente do tratamento da matéria. Parece que ninguém se interessa por tema tão instigante e presente, mesmo neste momento quando as comemorações de natal e fim de ano se aproximam.

Creio que a falta de textos específicos deriva de sua grande complexidade, afinal temos no Brasil mais tipos de farofa do que a Espanha tem de paellas. Outro fator que me parece importante destacar é que ninguem come ela sozinha, farofa sempre vem servida como acompanhamento ou complemento, criando desta forma mais uma dificuldade na escolha do vinho adequado. Trata-se de um casamento triangular: vinho, farofa e prato principal.

Inicialmente precisamos decidir qual será mesmo o prato principal, se algum tipo de ave ou carne de porco, escolher a fórmula da farofa correta e, por fim, buscar o vinho que produzirá o enlace perfeito. Tenho algumas sugestões. Para o Natal, aves, desnecessário explicar, ciscam para trás, é tradição e de conhecimento geral. Perú assado é uma boa pedida. Não pode ser qualquer farofa, nunca e de forma alguma farofa pronta, industrializada ou comprada em supermercado, tem de ser preparada no dia, no capricho, enriquecida com passas e frutas secas, com cajú picado fica muito bom. Um tinto cai bem, melhor evitar vinhos encorpados, supertânicos, carregados na madeira e de grau alcoólico elevado, é uma combinação que pede delicadeza, suavidade e frescor. Pode ser um Merlot estilo jovem da Serra Gaúcha, safra recente, um PInot Noir chileno produzido próximo a costa do Pacífico, um Shiraz da Patagônia de latitude austral ou então algum branco, um Chardonnay com passagem por barrica, maduro, com bom volume em boca. Para o Ano Novo cortes suínos. É o contrário, neste caso, escarafuncham para frente, vão abrindo caminhos. Vinhos festivos, espumantes, todos e muitos. Não precisa esperar a meia-noite, melhor abrir logo cedo neste dia, com sabrage ou pelo método tradicional, com estouro ou sem estouro da rolha, não se preocupe com perda de espumas e efervescências, a celebração da vida é muito mais importante.

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