El vino da brillantez a las campiñas, exalta los corazones, enciende las pupilas y enseña a los pies la danza. José Ortega y Gasset (1883-1955).

sábado, 14 de novembro de 2009

Bacalhau Pantaneiro

Já comi traira salgada, camarão salgado e outros peixes conservados pelo processo de salga, mas outro dia fiquei conhecendo uma receita vinda de Corumbá-MS, que me deixou com água na boca, “Bacalhau Pantaneiro”, este é o nome da matéria do Globo Rural, vou colocar o link lá no fim para quem quiser conferir.

O camarão salgado vinha de São José do Norte, sempre tinha um saco de aniagem guardado na despensa da casa de Dona Tonica, mãe de meu amigo Marco Vendaval. Costumava passar no apartamento da Rua Nova Iorque quase toda sexta-feira para tocar violão e ensaiar umas músicas novas, logo chegava o velho Edson para nos acompanhar e sempre acabava dedilhando uma antiga milonga mostardeira, que eu gostava muito de ouvir, o tom era Mi menor, nunca esqueci. A melhor parte dos ensaios era a chegada de um prato deste camarão que estou falando, a gente comia assim mesmo, seco e salgado, regado com algumas garrafas de cerveja gelada, coisa muito boa, nem sei se ainda fazem, pois entra ano e sai ano, e o camarão vai desaparecendo da Lagoa dos Patos.

A traira era da Lagoa Mirim, mais um lagoão desses que a gente não enxerga a outra margem, fica mais para o sul, indo na direção da fronteira com o Uruguai. O pessoal que vivia na costa da lagoa tinha o hábito de conservar o peixe na salga, era alimento garantido o ano todo. Passamos uma semana acampados nas terras de Wartião Azevedo, padrinho deste meu amigo, isto aconteceu lá por setenta e pouco e foi quando conheci esta iguaria. Lembro que meu prato veio tapado de espinhas, algumas delas muito pequenas e que davam muito trabalho de separar, ainda mais debaixo da luz de um lampião de querosene, mas a carne da traíra, preparada desta forma, é saborosíssima.

Bom, agora chegando ao Pintado. Gosto muito de filé de pintado, grelhado simplesmente, acompanhado de arroz, batata cozida ou um bom pirãozinho, para mim é muito melhor que salmão. E já comi um filé de pintado desses, lá em Corumbá mesmo, olhando toda beleza e largura do Rio Paraguai. De entrada era servido um caldinho muito revigorante, uma sopa feita de cabeça de piranha, um verdadeiro espetáculo, uma dessas jóias da cozinha do interior do Brasil.

Não vou sugerir o vinho agora, mas é claro que é um prato que pede e merece um grande vinho para acompanhar. Qualquer hora dessas vou aparecer em Corumbá para fazer esta escolha.

Para ver a receita da Dona Catarina Nunes, ingredientes e modo de conservar um peixe com sal, é só clicar neste link.

Nenhum comentário: