O almoço de todos os sábados, na casa de minha avó paterna, costumava ser um fervido de batatas, lingüiça e couve, tudo junto e misturado, cozido numa única panela, é de onde vem este nome Eintopf, em português significa uma panela. Sábado sempre era dia de faxina geral, de abrir a casa toda, portas, janelas, limpar vidraças e tirar a poeira dos dias de mau tempo, de arredar os móveis, catar traças escondidas, e bater os tapetes no varal. A casa era um brinco, minha avó primava pela limpeza, o assoalho daquele chalé de madeira brilhava com seus cuidados. Meu avô se encarregava da arrumação do quintal, trabalhava na horta arrumando os canteiros, onde produzia diversos tipos de verduras, temperos e até aspargos conseguia colher no solo arenoso da Tristeza, era um operário formado em escolas técnicas da Alemanha, um mestre-fundidor que conhecia os segredos da terra.
Era para simplificar a vida e valorizar o tempo, um modo de saber cuidar e aproveitar melhor as coisas que eles tinham.
A receita é trivial e fácil de preparar, alguns ingredientes já escrevi lá em cima, mas podemos fazer algumas modificações. Colocar mostarda no lugar de couve, ou então espinafre, acrescentar um pouco de vagem cortada, depende da época do ano, o que estiver mais bonito e pronto. Lingüiça. A melhor lingüiça para esta receita é a mista defumada de Picada Café, sempre encontro nas bancas especializadas do Mercado Público, ou então, trago de armazéns e padarias da Scharlau e Portão, quando volto de minhas andanças por Bento. Juntar algumas cebolinhas em conserva, no final do cozimento, dá um toque especial, um gostinho de azedo para contrastar/harmonizar com o picante e o fumé, o vegetal e o amargo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário