Estava jantando com meu filho, e decidi abrir uma garrafa de vinho tinto para acompanhar uma pizza de mussarela e lombo canadense, quando ele me perguntou o preço.
- Doze e pouco, comprei agora no supermercado, é chileno.
- Mas deve ser pura água - foi o comentário imediato dele.
Ou quase isto, foi o que me pareceu. Uma solução hidroalcoólica costumava dizer o Professor João Giugliani Filho em suas aulas de enologia, quando tratava de enquadrar esses vinhos sem corpo, sem alma, sem expressão alguma. E era um vinho redondo, ou melhor, era um vinho arredondado, que não deixava qualquer impressão ou lembrança. Tinha cor, mas não era cor, era um vermelho esmaecido e mortiço, tendendo mais para um granado evanescente. Nariz fugidio, quase imperceptível com alguma coisa de fruta vermelha, traços de amora e cereja. Na boca uma decepção, sem ataque, sem evolução, nem saudade, desapareceu sem ser notado.
Tomei dois cálices e desisti, fui assistir o noticiário da televisão.
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